Trazes
no cabelo uma vertigem branca.
Abres os braços, como quem vem salvar-me de viver.
Provarei o sal dos teus lábios
e ouvir-te-ei falar de um rio sem nome,
do léxico dos pássaros,
de uma rocha fendida pelo destino onde escondeste
o passado.
Fecho os olhos. Por dentro das pálpebras
existe ainda um íntimo universo de claridade baça,
onde tantas vezes nos encontramos.
Delicadamente, os meus dedos
irão tocar-te os lábios, animais sedentos
nos acasos da memória,
florindo um desejo imaculado
no contacto suavíssimo das minhas mãos.
A minha boca pede de novo a tua.
Não te beijo porém… ainda é cedo!
Quero primeiro mergulhar os meus olhos
na doce liquidez do teu olhar.
Fundo… sempre mais fundo,
até que digas as palavras que sempre desejei ouvir!
albino santos
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