A
noite é sempre um mar de saudade que se ergue e sobrevoa os espaços em que a
madrugada se decanta. Nos sons da noite, há sempre a entoação da tua voz que
alimenta os meus anseios e o imaginário dos meus sonhos, que o mar teima
arrastar na correnteza da maré. Quero ser a tua nudez – não apenas o gesto de
despir, mas a entrega inteira do que és quando deixas cair os medos e
permaneces diante de mim, só tu. Quero ser o teu navio, o lugar onde repousas,
a viagem que te leva mais longe, como se cada instante fosse o primeiro oceano
da tua vida. Quero ser a tua noite nunca navegada, o rumor que não te assusta,
mas te envolve, a escuridão onde só existe luz, porque és tu que brilhas
intensamente. Em ti, descubro a suavidade e a vertigem, o resto do sonho que
esqueci em sobressalto. Quero escrever com os dedos o mapa secreto da tua pele,
e que os teus suspiros sejam a bússola que me guia. Quero ser o guardião dos
teus silêncios, o cúmplice da tua ousadia, aquele que atravessa contigo todas
as noites e todos os desertos, só para repousar na suavidade do teu corpo. Quero
ser o instante em que fechas os olhos e te deixas cair no meu abraço.
Porque
em ti, não busco apenas destino. Busco eternidade. Quero afundar-me no teu
infinito até já não existir fronteira entre o que sou e o que és. És o meu
porto e o meu naufrágio, o meu mistério e a minha certeza. És, simplesmente, tudo!
albino santos
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