Um anjo imaginado
um anjo dialéctico, actual,
ergueu a mão e disse:
- É noite de Natal, pas à imaginação!
E todo o ritual que antecede o milagre habitual
perdeu a exaltação.
Em vez de excelsos hinos de confiança
no mistério divino,
e de mirra, incenso e oiro
derramados no presépio vazio,
duas perguntas brancas,
regeladas como a neve que cai,
e breves como o vento
que entra por uma fresta, quezilento,
redemoinha e sai:
um anjo dialéctico, actual,
ergueu a mão e disse:
- É noite de Natal, pas à imaginação!
E todo o ritual que antecede o milagre habitual
perdeu a exaltação.
Em vez de excelsos hinos de confiança
no mistério divino,
e de mirra, incenso e oiro
derramados no presépio vazio,
duas perguntas brancas,
regeladas como a neve que cai,
e breves como o vento
que entra por uma fresta, quezilento,
redemoinha e sai:
- À volta da lareira, quantas almas se aquecem,
fraternalmente?
fraternalmente?
- Quantas desejam que o Menino venha ouvir,
humildemente,
o lancinante crepitar da lenha?
Miguel Torga ( escrito em S. Martinho de Anta em 24 de Dezembro de 1962)
In Poesia Completa / Edições D. Quixote.
humildemente,
o lancinante crepitar da lenha?
Miguel Torga ( escrito em S. Martinho de Anta em 24 de Dezembro de 1962)
In Poesia Completa / Edições D. Quixote.
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