EU NÃO ARDO NAS SOMBRAS, CONSTRUO ALVORADAS!...

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

UMA BOCA NUM LUGAR SEM DATA


 

Este será o meu próximo livro, que será apresentado ao público no dia 13 de Dezembro, pelas 16 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal de Gondomar.
A obra, será apresentada pela Drª Isabel Santos.

Estão desde já todos convidados para o evento. A V/ presença, será para mim muito gratificante.

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No conjunto de textos contidos nesta obra, descobriremos percursos de um novo encantamento, onde as palavras gravitam pelo fascinante mundo das emoções, entre paixões e esquecimentos, onde tudo é tão próximo e intocável. 

“Quando era Verão na minha boca, o meu nome era um barco. Eu o navegava, sem âncora nem porto. Mas eu, não era apenas um barco – era a própria viagem. A vertigem de seguir-te e deixar-me levar pelo fluxo secreto que existia  entre a tua boca e a minha rota imaginada. Eras o mar inteiro, vasto e infinito, a chamar-me para sempre, como uma boca num lugar sem data.

O acompanhamento da edição deste livro e a sua promoção, vai certamente retirar-me tempo para estar convosco. Espero a V/ compreensão.

albino santos

terça-feira, 4 de novembro de 2025

OS AMORES NÃO MORREM



Os amores não morrem. Apenas se recolhem, silenciosos, como pássaros cansados nas sombras do crepúsculo, esperando o tempo certo para regressar. Há um instante entre o dia e a noite em que o tempo parece suspenso, e é aí que o amor adormece, com o coração ainda aceso sob o véu da bruma. Não há túmulo para o amor. O que chamamos fim é apenas uma curva apertada na estrada do sentir. O que parece esquecimento é repouso, o que parece distância é só um desvio imprevisto do destino. Porque o amor, quando é verdadeiro, não se extingue – transforma-se, discretamente, em lembrança que aquece o peito quando o mundo faz frio. E então, um dia, sem aviso – um cheiro, uma voz, um pedaço de música – acende o que parecia cinza. E o olhar, outrora inquieto e triste, volta a brilhar. O amor acorda da penumbra, como o sol que insiste em nascer mesmo depois da noite mais longa. E compreendemos, tarde talvez, que o amor não parte: apenas recolhe as suas asas por um tempo, para regressar mais intenso, mais maduro, mais inevitável.




albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor

domingo, 2 de novembro de 2025

O QUE RESPIRA... AINDA VIVE!...




Por vezes, na vida, não há alquimia, nem saber, nem esperança – apenas um patíbulo. A existência suspende-se na fragilidade de um fio, e o ar tem o peso do mundo. Tudo o que era sombrio torna-se cada dia mais denso, e os gestos, antes cheios de destino, agora vacilam, enquanto crescem dentes à noite solitária. Nessas horas, o coração é apenas uma pedra húmida e fria à beira do abismo, onde o vento vem confessar a sua própria solidão. Não há fórmulas que curem, nem preces que adiem o dever de cumprir-se a negra quietude das violetas. O tempo, esse velho carrasco, percorre o corredor do mundo sem pressa, deixando atrás de si o som lento das amarras invisíveis que acorrentam as palavras, o corpo, o desejo, o amor.

Ainda assim, há um instante – breve, quase inaudível – em que a sombra se torna memória, e a dor, claridade. No patíbulo de madeira gasta pelo tempo, nasce uma flor que ninguém plantou. Talvez seja isso o que resta da alquimia: a certeza de que, mesmo no limite da ausência, algo insiste em permanecer – uma centelha, um rumor, um vestígio de eternidade a passear-se entre as ruínas. Porque mesmo quando nada sobra senão a sombra do tempo, essa sombra ainda respira. E o que respira, ainda vive. 




albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor