EU NÃO ARDO NAS SOMBRAS, CONSTRUO ALVORADAS!...

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

COM MÚSICA NOS DEDOS

 


  

 

 




         Fecha os olhos e deixa a mão descer pelo declive do teu peito. Não tenhas pressa – o toque é uma linguagem antiga, anterior às palavras, anterior ao próprio corpo. É um idioma sem gramática, onde cada curva te reconhece e cada sombra se oferece em silêncio. Há um murmúrio entre os dedos, um lume que não queima, apenas acende. E, quando o gesto se completa, o corpo inteiro é uma sílaba de luz – um segredo que se diz sem voz, e nunca se apaga. Abre os lábios, o corpo escuta o que não se diz: o seu próprio rumor, o eco do desejo. Há uma música que nasce nos dedos, um compasso que se repete no fundo da pele. Nada é urgente. Tudo é agora. A mão desliza, e o tempo dissolve-se no calor que se inventa. És brisa e desejo, pulsação e silêncio. E no instante em que te descobres, o mundo inclina-se para te ouvir suspirar. Depois, o corpo é apenas bruma e repouso, e a pele aguarda o rastro do fogo, como quem conserva um segredo. Há ternura no cansaço, uma doçura que não pede nada – apenas permanece. O toque já não busca: recorda. Respiras devagar, e cada sopro é um vestígio de amor que se recusa a morrer. O mundo volta a girar, mas dentro de ti algo ficou suspenso – um silêncio quente, pulsando, onde antes havia desejo. É o mesmo lume, agora manso, que ilumina por dentro o nome que ainda há pouco sussurravas.



albino santos
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8 comentários:

  1. Ya el título es un poema en sí mismo... y la prosa se florea plena de destrezas, hallazgos y detecciones... propias de tan personal Poeta!!
    Abrazo pleno de admiración!!

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  2. Solo en silencio detallas tu sentir más íntimo, la prosa es bella y armoniosa, descansa en tus sentidos.
    Abrazo

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  3. Me gusto las palabras unidas a la imagen, es muy sensual la forma en que nos has descrito esa música que se proporciona y es la misma, es sinfonía de la felicidad.
    Un abrazo.

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  4. Oi A.S
    Há muita beleza em toda música que compõe ,negando a urgência e fazendo sentir que a vida não precisa ser dividida em antes ,mas no agora. Há ternura , muita ! e deixemos os olhos fechados para que a canção nos embale. Parabéns sempre, amigo . Um beijo.

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  5. Uy que apasionado relato. te mando un beso.

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  6. Olá, poeta Albino!
    "Respiras devagar, e cada sopro é um vestígio de amor que se recusa a morrer. "
    Que colocação bonita!
    Demonstra sensatez nas emoções... é preciso sentir o sabor de cada gesto.
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos

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  7. Belleza poética de la mano de tu talento!
    besos!

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