Hoje tenho as tuas mãos e o teu silêncio.
Tenho o horizonte
onde vamos pousar os mesmos oihos
e o vento que nos viaja quando estamos
sob o rumor dos pinheiros junto ao rio.
Tenho a vagarosa noite
que através de nós germina
como um secreto véu de sono e sonho
a fecundar o poema.
Tenho os teus olhos e a água
em que se reflectem,
e tudo onde tocam os teus dedos.
Tenho a voz com que me falas baixinho
para podermos sentir ao mesmo tempo
a suavidade da brisa madura.
Tenho, quando és longe,
o prazer de estar contigo inteira
a ver a tarde correr como um rio livre,
sem margens.
E tenho tudo o que me ofereces
na carícia da tua boca
como se o beijo fosse eterno
e nunca se extinguisse nos teus lábios.
Mas que terei eu, se te fores embora,
senão os meus olhos esquecidos da luz
presos à fonte para onde correm as trevas?
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor
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