Vejo-te como um fruto amadurecido.
Um fulgor que desnuda
num delicado alento,
acendendo nos teus olhos
um sol nocturno que se reanima.
Olho-te contra a perspetiva do efémero,
sabendo que uma inevitável vertigem
te restituirá ao doce fascínio da insónia.
Porque lhe resistes?
Em que corpo afogarás esse desejo
que avança como o fogo
nos campos secos do estio?
Entrega os lábios ao poema
e verás os versos
tresmalhados pelo teu corpo,
inflamando o desejo,
rebelde e obsessivo,
onde os frutos se deleitam a apurar o gosto.
albino santos
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