libertando desejos,
só possíveis nas promessas do teu olhar.
sob as tuas pálpebras.
nem céu, nem vento, nem gaivotas...
se passeia como matinais afagos
nos teus olhos.
.
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor
EU NÃO ARDO NAS SOMBRAS, CONSTRUO ALVORADAS!...
Habito nas palavras de um texto
perdido na sombra
de um amanhecer sem tempo,
de um entardecer
sem idade.
Existo no
imaginário de um beijo rubro,
silencioso e cúmplice.
Existo na solidão da sede
e nas sonâmbulas figuras do meu desejo errante.
Existo na seda de um suspiro
que, delicadamente, cobre o teu seio.
Existo nos despojos
das noites onde se renasce
entre obscuras plumas e fugidios lampejos.
Talvez o meu tempo
se tivesse consumido,
fascinado pelo
destino mortal em que os poemas
sempre se desfazem.
Lentamente
o silêncio baixou
sobre as águas
de um rio tranquilo
na mais secreta e compacta obscuridade.
E na imensidão das noites mornas,
as frases cálidas ainda ecoam, persistentes,
mas agora, o meu
destino é procurar
as arredias carícias que se evadiram do poema…
O brilho já
acendera nos teus olhos
mas eu ainda não te adivinhara,
porque o amor desperta sempre
vagarosamente.
Por isso, me perdi em outros horizontes
e não vi o desejo
que incandescia no teu colo
e que teus olhos eram a luz dos meus
que queriam respirar.
Nem sequer ouvi o eco da melodia
que sussurrava cada sílaba do meu nome.
Até que o desejo rompeu de nós
com secreta linguagem,
na fúria de um amar sem tempo,
por entre o cálido aroma de um anoitecer,
em que a luz da aurora se esquece de nascer.
.
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor
Nos teus olhos
viçosos
se esvaem os uivos do meu olhar.
Diante de ti,
entre a folhagem pungente do desejo,
sou o vidente cego,
perscrutando sem pudor
o teu ventre fecundo, os seios em alvo,
sentindo o inconfundível gosto
a amoras maduras, que goteja incessante
nas carícias em que me invento.
Sou o animal lascivo,
deslumbrado e entontecido,
na vertigem incendiada
que te percorre e desnuda,
enquanto teus olhos se vão cobrindo
de perturbado gozo.
Pouso sobre a blusa um ousado carinho,
fito teu olhar com um longo zelo.
Por entre a delicada seda
os dedos desenham a orla,
libertam o botão.
Devagar… a mão recolhe o murmurar do seio.
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor
Olhei bem
no fundo dos teus olhos!
Vi onde o mar se acaba,
ressoando dentro de mim
um arquipélago de sonhos
vagueando sem rumo
na sombra dos teus lábios…
Vi a tua volúpia de onda
como um fogo esparso
exultante nos meus braços
quando, no teu sorriso brando,
secretamente me sorriste
entre a espuma e o céu…
Vi sede que não cessa,
transcende e enlouquece,
atrai e arrebata,
que nos faz viver e de prazer nos mata!
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor
Sobre o implacável
passar das noites
percorro os caminhos mais sombrios
na procura do sonho certo.
Com incontrolável euforia,
afago as sombras silenciosas
que convergem
com a imprecisa lucidez
do traço indelével da minha mão.
Pouco a pouco, a noite se transforma
num cristal secreto,
com o teu corpo brotando
de dentro da sua luz,
dilacerando todas as penumbras.
Ergo-me em ti,
com a palavra que faltava dizer-te
e abandono-me ao que de ti
ainda em mim sobrevive.
Entrego-me à sedução e vertigem,
que me envolve no meio da noite,
onde o sonho é sempre perturbante,
intenso e breve.
Infinitamente breve…
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor