Eu
sou o teu silêncio, aquele que pacientemente te escuta, que não interrompe os
teus lamentos e deixa que conduzas as palavras para os lugares certos, fazendo
com que a imprevisível cor das madrugadas fique para sempre intacta no meu
peito. Sei que viveste sempre no fulgor de uma luz sem limites, mas que por
vezes te escondeste nas sombras porque te parecia demasiado o brilho e temias
não ser de todo compreendida na tua verdadeira grandeza. Afinal, apesar do
espectro das sombras, sempre foste mulher de alma e corpo, com tudo aquilo que
te faz diferente de todas as demais. O tempo passou, mas ainda agora, quando
cerro as pálpebras à inquietude da manhã, sinto a tua respiração perto da
minha, numa espécie de afago e os teus olhos ardendo no meu corpo, mantendo o sonho intacto, reacendendo o
poema.
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