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És chuva acesa
no centro do abismo
onde flutuam todas as manhãs
e em ti, nascem as ilhas
onde todos os sonhos se desnudam.
No teu corpo de aromas
a sombra da luz,
realça a beleza obstinada
dos teus seios nus,
que apontam aos céus,
endurecem,
gritam,
estremecem...
e se lhes toco, por fim,
há um vendaval de suspiros
que chove, intensamente
sobre mim!
albino santos
* Reservados Todos oa Direitos de Autor
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No poliedro dos meus sonhos
conheci os teus olhos, o teu sorriso,
a sombra mais anoitecida
e os teus mais deliciosos recantos.
Mas que me falta saber de ti
se te sinto tão perto, apesar de tão distante?
Tão concreta, apesar de virtual
Tão secreta, apesar da tua nudez
Tão macia, apesar de intocável
Tão pura, apesar de ardente e sedutora
Tão ousada, apesar de submissa
Tão louca, apesar de tão sensata…
Apenas sei que é em ti que
desembarco
quando vou à procura
de tudo quanto ainda ficou por desvendar!
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Fecho
os olhos e recordo o caminho
onde tantas vezes nos perdemos no impudor
dos nossos sonhos!
A noite morre em cada palavra ausente
e o silêncio é assustador em cada amanhecer.
És agora inatingível dentro de mim.
Aqui, junto ao mar, o vento parou,
mas uma gaivota ainda esvoaça assustada
sobre a minha cabeça.
Descubro que me fazes falta.
Foram amputados os meus sentidos
quando o último voo aconteceu.
Um bater de asas que tudo sugou
para o mais profundo dos abismos
despedaçando todas os doces momentos
que pudessem restar de nós.
O tempo deixa de existir,
quando se morre assim dentro do sonho
com carícias ainda nos dedos
e com o sabor do beijo dentro da boca.
As estrelas e a lua velam-me o sono
até que do abismo se solte uma ave
plena de amor a luz,
que voe livre para dentro do meu peito!
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
O sonho não bateu à porta!
Abriu caminho por entre insónias,
com a ousadia das borboletas,
que se perseguem
no voo fascinante do beijo.
Como sempre veio de imprevisto,
veloz como o voo de um pássaro,
silencioso como uma caricia.
Chegou sem que eu soubesse
deslizou na minha nudez
como um afago incandescente
e envolveu-me em volúpia e prazer...
Quando dei por ele, embargou-se-me a voz.
Num irresistível impulso,
vagueei pela noite,
inventei a cor dos seus suspiros,
mas esqueci a cor dos seus olhos.
Sei que escreveu poemas no meu corpo,
diluiu-se na minha seiva
e tal como chegou... partiu!...
Apenas ficou o sabor de um beijo na minha boca.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
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A chama do
poeta, às vezes desvanece!
Os meus versos insaciados
escondem-se silenciosos nas gélidas noites.
Depois de olhar o longe, meus olhos secaram.
O vazio já não dói.
Dá lugar a fragmentos do passado,
quando me escapava pelo lado selvagem da vida
para te encontrar no mundo secreto das palavras.
Com os lábios
secos de saliva e raiva,
por sentir e não ter como dizer,
o palpitar da vida perde-se na tela
onde imprimi a tua nudez
e no prazer derramado nos beijos
que guardo para sempre nos meus lábios.
Recolho ao
silêncio,
cerro as pálpebras, recordo a tua voz,
repouso o meu desejo nos teus olhos ausentes,
imagino o fogo de um pôr-do-sol
sob o abraço ardente do teu corpo nu
penetro-te a alma e deixo-te na boca
o mais longo beijo de amor.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
