Detesto o instante que é o decalque de outro instante.
As linhas rectas do caos da normalidade.
O gigantesco vazio onde nada flutua ou se movimenta.
O rigor da simetria reflectida na face de um espelho.
A cor cinzenta do tédio e da rotina que nos trespassa.
Eu quero matar a sede na água dos astros,
cassiopeias de seiva e poesia a circularem nas veias,
dilúvios nocturnos, rios de desejo,
dedos mergulhados num eriçado alvorecer,
músicas de vento murmurando rimas incendiárias!
Quero o poliedro da mente,
cujas faces rodopiam e rompem as grades
de todas as convicções e me levam para longe,
sem saber para onde!
O que importa é ir e diluir-me nas paisagens
que vão surgindo.
O caminho é que me vai encontrando
enquanto eu me permitir ser livre!...
albino santos
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