Enquanto a música
de Vivaldi,
foi chegando até nós,
doce e envolvente como o seio materno,
modelando o tempo
e construindo primaveras,
entre o meu silêncio e o teu
cresceu um verso indeciso
escondido nas nossas bocas.
E assim ficamos, parados no tempo,
mastigando o verso,
saboreando
as sílabas,
na mais absoluta e profana
densidade do indesvendável.
É tempo de transformar o poema
num sopro de fogo,
num "allegro" de luz,
como se uma matinal melodia
despertasse no silêncio
para reinventarmos o prazer
na luz transfigurada da manhã.
*Reservados Todos os Direitos de Autor