Vou abrindo lentamente o livro
dos meus desejos aplanando-lhe as folhas que se enrugam. É então que me
interrogo sobre quem tu és. Em todas as páginas te encontro. Visito contigo
mundos onde o teu corpo se confunde com a planície calma ou com montes de
perfil agreste num horizonte distante. Mas o teu olhar…esse, continua oculto,
perdido num labirinto de palavras que chegam até mim como um enigma.
Talvez seja nos teus olhos que eu lerei essas paisagens impossíveis, esses tédios falsos, esses sentimentos que habitam o livro dos meus desejos e as grutas dos meus silêncios. Inconstante, procuro nas palavras descobrir o teu olhar. Mas esse, teima em continuar ausente. Por vezes, quase me deixo convencer que me olhas, enredado neste universo paralelo que te trás até mim, mas, no mesmo instante, te vais afastando até te transformares num ponto longínquo que desaparece no azul do horizonte.
Eu busco o teu olhar além da
noite
Além de cada estrela que nasceu
Saudade que me fere como açoite
No tempo onde o tempo se perdeu.
Eu busco o teu olhar além da vida
Dos sonhos que tenho p´ra sonhar
Além da razão, mesmo perdida
Além de toda a paz deste lugar.
Eu busco o teu olhar além das
fontes
Onde mato esta sede de paixão
Além de rios, vales, horizontes
Além dos confins do coração.
Eu busco o teu olhar além do
tempo
Além de tanta dor que já sofri
Além da eternidade de um momento
Eu busco o teu olhar além de ti.
albino santos
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