Inundo-me de emoções
neste indomável impulso de escrever
como se houvesse dentro de mim
um universo envolto em brumas,
que lhe dão um secreto encanto.
De olhos fechados, sinto o impulso
de entrar na minha sombra,
como um corvo solitário
que pousa na árvore fronteira
da minha janela.
Vejo-me numa paisagem
diáfana e irreal
como poesia em estado puro,
falo com ela a linguagem dos pássaros,
perscruto-lhe todos os gestos,
todos os olhares
na vã tentativa de descobrir
onde adormeceram os meus sonhos.
Mas na convulsão da noite
já não sei se foi dentro da minha sombra
que nos perdemos entre o fogo e o tédio,
nem sei se alguma vez conseguirei
fazer voltar a noite
em que nos teus olhos eu vi nascer
a madrugada.
albino santos
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