Se sentires que a noite é indolente,
substitui a noite
pela incandescência de um sol primaveril,
ou por um arco-íris feito de uma chuva de verão,
que desliza entre as carícias,
que fazem estremecer as pétalas
na doce volúpia duma roseira ardente.
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor
Como sílaba incendiada no feno
és um rasgão de prata
no rumor vegetal das searas.
Inventas os gestos
nas vagarosas sombras
onde o desejo se instala.
Propagas o derrame
da íntima linguagem do amor
no sedutor resvalar das brisas.
Desfazes a orografia das palavras
na precária eternidade da luz.
És libertina mariposa
na incandescente seara dos poetas
profanando as sílabas do poema!
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Foi um dia inundado de sol
e de falsas alegrias
que noiteceu na inércia dos dias.
Caminho ao acaso
com o lento desejo do teu corpo.
Os meus olhos
perdem-se no azul do céu.
Fecharam-se na lembrança
de um tempo perdido,
sem fulgor… sem esperança.
Tornaram-se fugidios,
saíram esta noite à procura dos teus;
Meus olhos, de olhares vadios,
predadores das luzes
que brilham dentro dos teus!
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Quando ousamos
sorver o sabor de um céu
onde namoram estrelas cintilantes,
somos a génese de um astro
sem rota definida,
sem dia nem hora de chegada.
Vivemos apenas
o doce e cósmico sabor
de todos os instantes
que se consomem junto aos lábios…
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Como uma lua esquiva entre
sombras,
trazes a noite triste e a saudade
inscrita nos teus lábios.
Faz de conta que o tempo voou,
estrangulou o dia,
rasgou caminhos confusos
dentro do coração dos minutos.
Depois, enrosca-te na penumbra
das horas,
afasta as sombras,
engole as luzes da noite,
saboreia o desejo em cada suspiro
e repousa todos os afagos,
silenciosamente,
na ternura das mãos.
É então tempo de reinventar a noite,
esquecer a saudade
e voar nas asas de todas as sensações.
Em cada espasmo morrerei contigo!
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
