Olho para dentro de mim
e vejo uma paisagem devassada. Treva.
Treva que me cega pelo excesso de luz,
fazendo com que uma estranha leveza
se apodere de mim.
Sinto-me capaz de levantar voo junto com as aves,
ser intocável como as estrelas.
Torno-me assim um viajante sem destino,
parto nas palavras do poema e viajo
no âmago dos ventos para bem longe de mim.
Às vezes dou por mim a chamar o teu nome,
a desejar o teu corpo, a tua voz,
o teu silêncio. Pressinto a tua sombra,
imóvel, fria, mas não ligo, porque
em ti me foste apagando.
Sei que entre a treva e os sonhos,
há-de haver sempre o lume brando
de uma consciência carbonizada
Sei que buscando a luz do meu caminho,
talvez te encontre no fim da viagem.
Assim atravesso as noites,
na incerteza de estar e não estar, num tempo
onde tudo é tão próximo e intocável.
albino santos
*Reservados Todos os Direitos de Autor
Este viajante sem destino, é feito de imagens que se contrapõem.
ResponderEliminarTrevas que são na verdade um excesso de luz, uma paisagem devassada que traz leveza, um poeta que parte em suas próprias palavras. É bem lógico que não estejas onde pareces, nesse momento de incerteza!
Perfeito poema! bjs
Em contradição e uma certa agonia, como ave de arribação que perdeu a praia e se deixou levar pelo vendaval.As trevas são apenas uma luz que o luar não apagou e os teus olhos não vêem. Não há paisagem devassada, há sim um campo adormecido prenhe de vida por desabrochar à espera de um ligeiro orvalho, nada mais...
ResponderEliminarDeixa que amanheça sem medo de um novo dia! Sim vem ai uma nova noite. E não não morreste poeta! Por isso olha de novo esse sol rubro e belo que te vem beijar o rosto nessa alvorada de sonhos por cumprir...
Beijo de intenso luar
Uma poesia,- mais uma...- onde na primeira parte levitas e numa segunda duvidas do poiso do voo. Será?
ResponderEliminarDe qualquer forma, os trocadilhos e as antíteses são de uma beleza "levitante". Por isso " a incerteza de estar ou/e não estar onde parece que estou".
E (hoje) fizeste com que levitasse contigo. Belo!
Beijo, AL! **
Precioso, precioso! Ainda que sem destino...
ResponderEliminarFeliz semana!
Um beijo
O voo é sempre benéfico para sacudir a tristeza,deixar que as recordações sejam levadas pela brisa e ao mesmo tempo ir vivendo o sonho que nunca morre dentro de nós e que pode sempre ser aprisionado nesse voo, mesmo que sem destino...Afinal existe sempre algures um porto de abrigo.
ResponderEliminarBelo, como sempre
Bjgrande do Lago
À muito que não sei onde anda o meu destino e este teu poema deixou-me a meditar. Será que chego ao fim da viagem sem me encontrar ou...nem vale a pena questionar o resto. Poema lindo e intocável tal como a tua alma. Amei demais meu amigo. Perdoa a demora, mas ando a remar contra marés perdidas. Beijos com carinho
ResponderEliminarAquilo que está próximo, mesmo intocável, é sempre o nosso destino . Bons voos , querido Albino ❤️
ResponderEliminarHá viagens assim, atribuladas, cheias de incertezas... mas a poesia desenha esperança no coração, mesmo que a alma esteja adormecida...
ResponderEliminarUna hermosura de versos, Albino:
ResponderEliminarEse viaje sin destino te permite escribir bellezas como este poema.
Abrazos y felicidad
Me encantam tuas palavras querida Ana!
ResponderEliminarGosto de sentir a tua proximidade...porque te sinto!
Abrazos e carinhos!
"Sinto-me capaz de levantar voo junto com as aves,
ResponderEliminarser intocável como as estrelas."
"Sei que buscando a luz do meu caminho,
talvez te encontre no fim da viagem."
"Às vezes dou por mim a chamar o teu nome,
Eliminara desejar o teu corpo, a tua voz"...