Subo
por ti de ramo em ramo, não como quem procura o cimo de uma árvore, mas como
quem persegue a respiração secreta da aurora. Cada degrau da tua presença é um
convite ao desconhecido: a vertigem doce de me perder na altura onde o teu silêncio
floresce. O ar que te envolve tem o perfume das promessas ainda intactas, como
se cada folha fosse um sussurro guardado para os meus lábios. E quanto mais
avanço, mais descubro que não é o destino que me chama, mas o percurso errante da
tua essência, o labirinto de luz e sombra onde me perco para, em ti, me poder
reencontrar.
Há
um lume nas tuas manhãs que não se vê, apenas se sente: é claridade que se
insinua, um calor secreto que desponta entre as frestas do dia. Subir os teus
ramos e aproximar-me de ti é como encostar o ouvido à pele da terra e ouvir o
rumor do coração escondido no mundo. E quando enfim chego à altura do teu
olhar, não encontro o fim da subida, mas o início de uma outra ascensão. Porque
em ti, não há cume nem fronteira: há sempre um horizonte que se estende mais
além, uma chama que, mesmo quando se apaga, renasce sempre, mais alta, mais
viva, mais pura. Sou viajante da tua íntima eternidade, e cada ramo que me
sustenta é já um prolongamento do teu corpo invisível, esse corpo feito de memórias,
de vento e de silêncio. Colher em ti o lume das manhãs é, afinal, acender-me
mais uma vez – e deixar que, em ti, o mundo desperte de novo.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
ResponderEliminarAs suas palavras são um rio de emoção; fluem com força e doçura, transportando a alma para horizontes infinitos. Admiro a beleza do seu universo poético.
Beijos
Que coisa mais linda e delicada!
ResponderEliminarTem a doçura de uma escalada íntima, onde cada passo não é busca de altura, mas encontro de essência.
Ele me soa como um sussurro apaixonado, onde a natureza e o amor se confundem, transformando o corpo e a alma em árvores vivas, cheias de luz e de mistério.
A imagem de subir não para chegar ao topo, mas para se perder e se reencontrar no outro, é de uma profundidade imensa.
E esse lume das manhãs que renasce em cada olhar dá ao texto uma aura de eternidade, como se o amor fosse sempre início, nunca fim.
Um escrito que embala a alma com ternura e faz acreditar que no coração de quem amamos há sempre um horizonte a florescer.
SAUDAÇÕES POÉTICAS
Olá, poeta Abino!
ResponderEliminarImpressiona o crescer do sentimento no coração de quem ama... e assim, passo a passo, galho em galho... Não cabe pressa, é sintonia em cada alcance para conquistar o mundo inteiro do coração alheio amado.
O amor desperta e desperta de novo...
Muito bonito todo o texto poético.
Tenha dias novos abençoados!
Abraços fraternos
Un n precioso texto, donde el sentimiento está presente en cada palabra escrita.
ResponderEliminarFuego y renacer es una buena combinación de un deseo y placer.
Un abrazo, feliz tarde.
Poesía del natural en tu prosa, amigo. Para enmarcar una vez más.
ResponderEliminarAbrazo admirado!!
Qué texto precioso!
ResponderEliminarTan bonito !
realmente es un placer...
Besos!
Albino querido
ResponderEliminarQue maravilha de texto! Há nele uma tessitura de imagens que nos envolve e nos faz caminhar junto com esse “eu poético” que sobe, ramo a ramo, em direção ao mistério do outro. Não é uma subida pela conquista do cume e isso já é belíssimo mas sim pela busca da essência, da respiração secreta da aurora, como você tão poeticamente diz. O amor, aqui, não aparece como meta a ser alcançada, mas como caminho a ser vivido, passo a passo, na doçura da vertigem e no silêncio que floresce. A segunda parte, quando você fala do lume das manhãs, é de uma delicadeza extraordinária. Não é uma chama visível, mas sentida quase espiritual. É como se o ser amado fosse o espaço onde se revela a própria vida em sua profundidade: um coração escondido no mundo, mas que pulsa com intensidade. E quando o olhar é alcançado, não há fim, e sim um novo começo outra ascensão. Que metáfora perfeita para o amor, para a vida, para a espiritualidade que nos transcende: nunca há limite, sempre há um horizonte que se abre, sempre há algo mais a descobrir.
O trecho final fecha de forma magistral: “colher em ti o lume das manhãs é, afinal, acender-me mais uma vez” ou seja, o encontro com o outro é também reencontro consigo mesmo, numa circularidade de dádiva e de despertar. A poesia se torna aqui quase sacramental: o outro é luz, memória, silêncio e vento, mas é também a centelha que reacende o mundo em nós. Obrigada por este belíssimo presente literário. É um texto para ser lido devagar, em camadas, porque em cada ramo que descreves há uma revelação.
Com carinho e admiração,
Fernanda🤗😘
Profunda reflexión. Uno siempre debe sacar fuerzas de corazón y su espíritu. Te mando un beso.
ResponderEliminarOlá caro A.S.
ResponderEliminarInteressante e belíssimo texto.
Parabéns amigo poeta.
Suave seja a sua semana.
Beijo!
"O amor é ramo, árvore em flores, não tem cume, mas cresce em cores. Cada passo é um novo começo, um renascimento, um recomeço. E ao final, não há fim, mas um horizonte, onde o amor se renova sempre distante, nos ramos do ser, me perco, me encontro e em ti, o mundo desperta..."
Este texto lindo e como subir a arvore magica do meu reino e agarrar-me a sua poesia 🌸
ResponderEliminarFeliz Semana Nova, querido Albino! 🌸😘😘😘🧡💛🌷🌱🌹🌺🌼👋 🌺😘
Un amor de aves, de rama en rama, un abrazo Albino!
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