EU NÃO ARDO NAS SOMBRAS, CONSTRUO ALVORADAS!...

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

A ETERNIDADE DO INSTANTE





            É no sonho que o instante se faz eterno. Porque no sonho o tempo já não corre, mas se transforma em espirais suaves que respiram e sentem. Um minuto ali contém a vastidão de um século, e um século pode dissolver-se em apenas um gesto: a mão que quase toca a outra, a palavra suspensa no ar, a lembrança que se acende como chama na escuridão.

            O sonho não conhece fronteiras. Ele toma o que foi vivido e o que ainda não aconteceu, mistura tudo no mesmo lago silencioso, e ali deixa que brilhem reflexos de um impossível que, de repente, é tão real como o próprio corpo. Aí, o instante não passa – expande-se. Torna-se um campo aberto, onde cada detalhe pulsa na noite transfigurada, e tudo começa a ser ave ou lábios a querer voar: o olhar que se prolonga, o vento que acaricia, a música que não termina. E o coração, dentro do sonho, esquece a pressa. Ele não precisa temer o negro da noite, pois sabe que ali tudo é permanência disfarçada em passagem. O instante não escorre pelos dedos como a carícia; ao contrário, é nos dedos que ele se fixa, como se a pele guardasse a eternidade.

           Por isso, sonhar é deixar escorrer o infatigável instante: é fundar um espaço onde o efémero descobre a sua raiz eterna. É reconhecer que até a mais breve centelha contém, no fundo, a claridade infinita. E ao acordar, trazemos na pele essa marca subtil – a lembrança de que o eterno não mora no além, mas se esconde subtilmente dentro do instante.



albino santos
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1 comentário:

  1. Qué buena reflexión sobre ese sueño que nos alimenta el alma, y a veces hasta el cuerpo.
    Hay sueños tan reales que cuando despertamos nos sentimos como fuera de nosotros mismos, para al instante se disuelven y no recordar todo lo vivido.
    Un fuerte abrazo, feliz noche

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