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terça-feira, 4 de novembro de 2025

OS AMORES NÃO MORREM



Os amores não morrem. Apenas se recolhem, silenciosos, como pássaros cansados nas sombras do crepúsculo, esperando o tempo certo para regressar. Há um instante entre o dia e a noite em que o tempo parece suspenso, e é aí que o amor adormece, com o coração ainda aceso sob o véu da bruma. Não há túmulo para o amor. O que chamamos fim é apenas uma curva apertada na estrada do sentir. O que parece esquecimento é repouso, o que parece distância é só um desvio imprevisto do destino. Porque o amor, quando é verdadeiro, não se extingue – transforma-se, discretamente, em lembrança que aquece o peito quando o mundo faz frio. E então, um dia, sem aviso – um cheiro, uma voz, um pedaço de música – acende o que parecia cinza. E o olhar, outrora inquieto e triste, volta a brilhar. O amor acorda da penumbra, como o sol que insiste em nascer mesmo depois da noite mais longa. E compreendemos, tarde talvez, que o amor não parte: apenas recolhe as suas asas por um tempo, para regressar mais intenso, mais maduro, mais inevitável.




albino santos
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