Os malmequeres floriram esta
noite. Ninguém os viu nascer, e ainda assim, lá estavam eles, despertos sob a
vigília das estrelas, como se a própria lua tivesse soprado vida sobre os seus
botões adormecidos. O campo, que na véspera dormia silencioso em tons de cinza
e cansaço, hoje sussurra uma alegria antiga, quase sagrada, como um cântico
esquecido reencontrando a sua memória. Havia um perfume novo no ar como se o
campo, adormecido por dias cinzentos, tivesse sonhado contigo. O teu nome
estava em tudo: no modo como as pétalas se abriram, na doçura do vento que passava
sem fazer barulho, no voo alucinado das borboletas. Foi ali, entre a beleza tímida
dos malmequeres, que compreendi que o amor também tem raízes invisíveis e floresce
quando já não esperamos. Não com alarde, nem com promessas, mas com a serena
tranquilidade de quem sabe que o impossível não existe. Cada malmequer parecia
uma carta escrita à mão, de um tempo em que o amor era mais palavra do que
gesto. Lembrei-me de ti e reencontrei o teu aroma, como um verso esquecido que
o coração ainda sabe de cor. Lembrei-me como sorrias quando vias flores na
beira da estrada, como se fossem presentes postos pelo mundo só para ti… e
talvez ainda sejam.Talvez tivesses sido tu, mesmo sem saber, quem acendeu a
ternura nas raízes e despertou este milagre. Talvez o teu nome seja um feitiço
secreto que só a terra entende. Ou talvez o campo, comovido, tenha decidido
florir só para que eu não te esquecesse. Caminhei devagar entre os
malmequeres, com receio de pisar algum sonho escondido. Senti os pés tocarem a
terra com delicadeza. Fechei os olhos. Disse o teu nome em voz baixa. E os
malmequeres se inclinaram um a um, como quem escuta um segredo e anuncia um
presságio.
albino santos
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Vou caminhar por entre os seu malmequeres para ouvir o meu nome dito pela voz de um poeta tão delicado e profundo como você meu Amigo Albino.
ResponderEliminarTudo de bom.
Um beijo.
albino, una prosa hermosa, bello verso olvidado en el corazón.
ResponderEliminarBesos
Olá, poeta Albino!
ResponderEliminarDaqui, do outro lado do Atlântico, fechei meia olhos e senti os malmequeres se curvarem só para eu me tornar em "bem-me-queres".
Eu me tornei, pela gentileza do seu poema.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos de paz e bem
Impresionante amigo, un relato absolutamente romántico, sobrecogedor de bello. No solo siento amor en cada verso, sino además un habitar el amor con espiritualidad, porque el amor es la razón y el fin de todas las cosas, ello es lo que siempre debiésemos saber, tener presente y percibir, incluso en la acción de ver florecer una flor, todo es amor y todo está conectado a través de este sentimiento sagrado. Realmente precioso, te felicito. Un abrazo y feliz semana.
ResponderEliminarP A T Y
Oi menino poeta ,
ResponderEliminarQuanta doçura na noite dos malmequeres. Na adolescência ,brincávamos despetalando-os, pétala por pétala e dizendo baixinho ' bem me quer - mal me quer' , desejando que sobrasse a pétala do bem me quer ... rs e a nossa sintonia vai bem , estou a pedir flores e trouxeste-me essa braçada trazendo junto lembranças e um texto poético que tão bem querer me faz . Fica meu abraço, invisível como a floração dos malmequeres. e verdadeiro como os milagres. Boa semana, AS