EU NÃO ARDO NAS SOMBRAS, CONSTRUO ALVORADAS!...

quinta-feira, 24 de julho de 2025

PROXIMIDADES

Aproximas-te como sílaba incendiada no feno, como quem se revela no campo da minha solidão. Vieste com a luz dos presságios e o rumor das antigas promessas, rompendo o véu dos dias comuns como um rasgão de prata cortando o murmúrio vegetal das searas. E desde então, nada em mim permaneceu incólume. Trazias contigo o fascínio da linguagem oculta do amor – aquela que se diz nos intervalos, nas pausas, nos olhares que se detêm mais do que o necessário. És feita da matéria dos mistérios, de silêncios eloquentes, de gestos que acenam para o indizível. E quando te aproximas, há um júbilo de emoções que faz crescer em tumulto um rio de esperanças. O tempo cede, e tudo em mim se recolhe para te escutar.  A tua voz, é como a brisa que percorre as folhas altas ao entardecer como um rumor discreto. Falas com os olhos antes de qualquer palavra, e eu compreendo cada sílaba muda que escapa desse silêncio. Há uma linguagem secreta, feita de demoras que só os amantes reconhecem. E, no entanto, é o teu silêncio que mais me fere – não com dor, mas com uma sede suave, com essa forma subtil de desejo que antecede o toque e que, por vezes, o excede. Em ti, o amor não se apressa, insinua-se como quem conhece os ritos de espera, da contemplação, do encantamento. Move-se como carícias ágeis entre os dedos, como hálito sobre a pele que anseia ser tocada. Há uma nobreza no teu corpo que não se limita à forma – é uma essência mística, uma beleza que não clama, mas impõe. Nos teus gestos há uma harmonia que me desconcerta e, no teu perfume, um sortilégio que me convoca aos antigos mitos. Não és apenas mulher, és sonho, musa, epifania. E diante de ti me confesso ferido de paixão. És chama e sombra, alvorada e segredo. E eu, na minha humanidade imperfeita, repouso o meu olhar nos contornos sensuais da tua boca, com um desejo sereno como as antigas cantigas medievais, ardente como as cartas de um poeta enamorado.


albino santos
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7 comentários:

  1. albino, hermosa prosa, las cartas de un poeta enamorado.
    Haces suspirar con tus letras.
    Besos

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  2. Albino, querido,

    há textos que se leem com os olhos, outros com a pele. O teu eu li com a alma encostada no peito. Tua escrita me atravessou como um vento antigo, desses que parecem trazer vozes de um tempo que a gente não viveu, mas reconhece. Cada palavra tua soa como se tivesse sido escolhida não apenas pelo som ou pelo sentido, mas por aquilo que vibra no intervalo entre um e outro. É raro. É sagrado. Li como quem recolhe um véu do chão. Há um feminino sutilmente divino nessa figura que te inspira e uma delicadeza apaixonada em ti que não teme ajoelhar-se diante da beleza que contempla. Tu a vês, não só como forma, mas como presença: chama e sombra, alvorada e segredo. E quem ama assim, com esse tipo de reverência, também se revela inteiro.
    Fiquei especialmente tocada pelo modo como falas do silêncio como quem compreende que há distâncias que não se medem em passos, mas em demoras. Porque sim, às vezes o silêncio da pessoa amada fere, mas fere com uma sede antiga, com essa forma mansa de saudade que parece já conhecer o caminho de volta.
    Obrigada por escrever assim. Há muita beleza no mundo, mas nem toda sabe ser dita. Tu disseste.
    Com o coração em estado de escuta,

    Fernanda🙏🏻

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  3. Una prosa que invita a dejarse llevar por la magia de tus palabras!
    Un beso!

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  4. Boa noite de paz, poeta Albino!
    Aqui não é só uma prosa poética, é um mini romance bem delineado.
    Gostei muito de percorrer os sentidos aqui tão bem explorados com sutileza e delicadeza respeitosa.
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos

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  5. Todo lo que nos puede hacer sentir un alguien especial, es tal vez todo aquello que contenemos pero que no se hace vivencia hasta que otro aprieta los botones justos y precisos. Es tan bello y a la vez tan vertiginoso enamorarse, pero no hay como evitarlo, es parte de nuestra esencia -y de nuestra misión terrenal- explotar todo el amor que contenemos, de lo contrario, nos secamos y partimos, heridos de desamor y soledad. Preciosa descripción y sentimiento amigo. Un abrazo grande.

    P A T Y

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  6. Un texto precioso, lleno de sentimiento, el sentir de un alma enamorada.
    Besos Albino!!

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  7. albino, hermosa prosa, es tan lindo sentir ese amor que incendia con caricias, besos y mas.
    Besos

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