Busco
em ti o lado conjugal da noite – aquele que não se mostra aos olhos apressados,
mas que se revela na doce cumplicidade de um gesto lento. É na penumbra do teu
silêncio que encontro o abrigo para o meu cansaço, o colo onde a sombra se
deita sem medo, onde até o silêncio tem corpo e calor. Há em ti uma morada que
não tem paredes, mas pulsa por dentro como um coração apaixonado. É aí que me
recolho quando o mundo pesa, quando as horas arrastam correntes e a alma pede
descanso. Não falo de promessas nem rituais. Falo de um estar simples e
verdadeiro, como o céu que cobre o mar sem nada lhe pedir. És a noite em que me
desfaço das máscaras, onde me desnudo para que tudo seja ainda mais real. Cada
palavra que não dizes ecoa em mim como um verso antigo e cada suspiro teu é um
convite à entrega sem cláusulas, ao amor que não se pode mais conter. No nosso
peito, a noite é conjugal porque se partilha. Porque entre nós, a escuridão não
é ausência de luz, mas espaço para deixar brilhar o que é grande demais. E ali,
deitados no tempo, já não sou eu nem tu – somos apenas o mágico cansaço de uma
bela noite de amor.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Una noche conyugal de amor y ternura! Ahora veré qué pone el traductor, jajaja, un abrazo Albino!
ResponderEliminarAlbino, teu poema é como entrar descalço numa noite de verão: não assusta, não grita, mas acolhe e faz com que a gente sinta tudo.
ResponderEliminarEssa “conjugalidade da noite” que você escreve não é feita de alianças nem de promessas ditas em voz alta, mas daquele silêncio partilhado que só existe entre almas que já se reconheceram antes mesmo de falar. O teu texto é um é como uma respiração lenta no meio do caos, um lugar onde até o silêncio tem temperatura. Ler teus versos é como deitar ao lado de alguém que entende a gente sem precisar explicar. E isso é raro, é poesia em estado puro. Obrigada por essa morada sem paredes, onde todo mundo que já amou de verdade se sente um pouco hóspede.
Lindo demais,
Fernanda
Ni una palabra más que añadir. Ese cansancio producido por el goce, lo dice todo!!
ResponderEliminarExcelente.
Besicos muchos.
Boa tarde de paz, poeta Albino!
ResponderEliminarUm post cheio de intensidade, com a cumplicidade bonita, geradora de afinidade até a consumação do lado conjugal na noite...
Muito poético o enredo bem contado e que leva o leitor a adentrar no espírito do cortejo com delicadeza e sutileza.
Bonito demais.
Aqui cabe bem o pensamento sobre que a pressa é inimiga da perfeição.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos