EU NÃO ARDO NAS SOMBRAS, CONSTRUO ALVORADAS!...

terça-feira, 22 de julho de 2025

O LADO CONJUGAL DA NOITE


Busco em ti o lado conjugal da noite – aquele que não se mostra aos olhos apressados, mas que se revela na doce cumplicidade de um gesto lento. É na penumbra do teu silêncio que encontro o abrigo para o meu cansaço, o colo onde a sombra se deita sem medo, onde até o silêncio tem corpo e calor. Há em ti uma morada que não tem paredes, mas pulsa por dentro como um coração apaixonado. É aí que me recolho quando o mundo pesa, quando as horas arrastam correntes e a alma pede descanso. Não falo de promessas nem rituais. Falo de um estar simples e verdadeiro, como o céu que cobre o mar sem nada lhe pedir. És a noite em que me desfaço das máscaras, onde me desnudo para que tudo seja ainda mais real. Cada palavra que não dizes ecoa em mim como um verso antigo e cada suspiro teu é um convite à entrega sem cláusulas, ao amor que não se pode mais conter. No nosso peito, a noite é conjugal porque se partilha. Porque entre nós, a escuridão não é ausência de luz, mas espaço para deixar brilhar o que é grande demais. E ali, deitados no tempo, já não sou eu nem tu – somos apenas o mágico cansaço de uma bela noite de amor.



albino santos
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4 comentários:

  1. Una noche conyugal de amor y ternura! Ahora veré qué pone el traductor, jajaja, un abrazo Albino!

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  2. Albino, teu poema é como entrar descalço numa noite de verão: não assusta, não grita, mas acolhe e faz com que a gente sinta tudo.
    Essa “conjugalidade da noite” que você escreve não é feita de alianças nem de promessas ditas em voz alta, mas daquele silêncio partilhado que só existe entre almas que já se reconheceram antes mesmo de falar. O teu texto é um é como uma respiração lenta no meio do caos, um lugar onde até o silêncio tem temperatura. Ler teus versos é como deitar ao lado de alguém que entende a gente sem precisar explicar. E isso é raro, é poesia em estado puro. Obrigada por essa morada sem paredes, onde todo mundo que já amou de verdade se sente um pouco hóspede.

    Lindo demais,
    Fernanda

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  3. Ni una palabra más que añadir. Ese cansancio producido por el goce, lo dice todo!!
    Excelente.
    Besicos muchos.

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  4. Boa tarde de paz, poeta Albino!
    Um post cheio de intensidade, com a cumplicidade bonita, geradora de afinidade até a consumação do lado conjugal na noite...
    Muito poético o enredo bem contado e que leva o leitor a adentrar no espírito do cortejo com delicadeza e sutileza.
    Bonito demais.
    Aqui cabe bem o pensamento sobre que a pressa é inimiga da perfeição.
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos

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