EU NÃO ARDO NAS SOMBRAS, CONSTRUO ALVORADAS!...

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

A NASCENTE


Deve haver, algures, uma nascente escondida, uma fonte primordial onde brota a água que me percorre. Não sei onde nasce – se no fulgor do teu olhar, se no silêncio que se instala quando a tua boca adivinha a minha. Apenas sei que em ti tudo corre, tudo flui, tudo me alcança, como um rio que sempre encontra o caminho para o mar. És a nascente invisível que me surpreende no gesto mais simples: no modo como deslizas os dedos pelas tuas margens quando a noite se cobre de sedução. É aí que começa a corrente que me envolve e atravessa com as águas rugosas de Setembro. E eu, ao receber-te, torno-me num mar imenso, de águas claras a arder ao vento. Um mar que abre uma enseada para receber o curso rebelde e infatigável das tuas águas, e se deixa moldar pelo ímpeto da corrente. Sinto que és nascente e rio, vens de longe, de lugares que desconheço, e no entanto é em mim que desaguas, é em mim que repousas. Não importa onde começa a tua água, o que importa é que nela me reconheço, nela me recrio, e nela me perco para me encontrar. Não és apenas a água que se dissolve em mim e mata a minha sede, és também a sede que me estimula a vida. És o rumor incessante do rio que me atravessa, és o segredo eterno da longínqua nascente que não preciso ver para saber que existe – porque em cada gesto teu, o mundo inteiro começa a correr ternamente em mim.



albino santos
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12 comentários:

  1. Has convertido el agua en un micro de seducción artesanal. Genial, te felicito.
    Un abrazo.

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  2. Albino…

    que nascente generosa a tua escrita. Ao ler-te, senti-me mergulhar nessa corrente que descreves, onde a água não apenas corre, mas toca fundo, despertando em mim a lembrança de que também sou feita de rios, de marés e de silêncios. Há algo de sagrado no modo como transformas sentimentos em imagens tão vivas quase posso ouvir o rumor da água que te atravessa. E ao mesmo tempo, encontro-me nas tuas palavras, como quem descobre o próprio reflexo numa enseada calma. Obrigada por me oferecer esse fluxo tão cheio de ternura e beleza.

    Com carinho,
    Fernanda!

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  3. Uy que romántico y apasionado. Te mando un beso.

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  4. Com muito carinho, posso dizer que “A Nascente” é um texto que transborda delicadeza e amor sereno.
    Ele descreve o outro como fonte de vida e sentido, onde tudo flui naturalmente, como um rio que encontra seu mar.
    É uma entrega bonita, suave, onde amar é deixar-se atravessar e, ao mesmo tempo, ser acolhido.
    Um abraço em forma de palavras.

    BEIJOOOS

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  5. El agua, tan fundamental para la vida! Un abrazo Albino!

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  6. albino, tu prosa es magistral, apasionada, eres un romántico
    Besos, que tengas días felices

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  7. Líquida fascinación que se desliza por nuestros ojos cuando te leemos!
    Precioso.
    Un beso grande.

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  8. Qué fuente tan dulce y frutífera. Me ha encantado Albino!!
    Besicos muchos.

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  9. Cada verso jorra como água viva, revelando que o amor não é apenas uma fonte de paz, mas também uma sede ardente que nos permite renascer infinitamente.
    Magnífico, querido poeta!
    Beijos

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  10. Que lindo,amigo poeta! Amei! Obrigada pelas visitas a meu blog. Poucas visitas..Só você e mais uns 3. Desculpe visitar tão pouco, mas meu marido continua muito doente. Volte sempre! Divulgue meu blog! Tem post novo! Beijos sabor carinho e uma noite de quinta_feira maravilhosa! Donetzka

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  11. Olá caro A.S.
    Muito belo poema. uma metáfora poética e romântica para descrever a origem do amor ou da atração por uma pessoa. O "eu lírico" personifica o outro como essa fonte de água, que é, na verdade, a origem de toda a vida e emoção sentidas.
    Gostei imenso.
    Bom final de semana amigo poeta.
    Beijo!

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  12. Una forma maravillosa de sentir el amor, entrando, fluyendo, transformando y cuya presencia quedará marcada para siempre en nuestro ser interno y externo, cual huella indeleble. Hay personas que pasan y otras que imprimen... Lo has expresado de una manera elevada de grandiosa, amigo, te felicito, un gran abrazo.

    P A T Y

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