Deve
haver, algures, uma nascente escondida, uma fonte primordial onde brota a água
que me percorre. Não sei onde nasce – se no fulgor do teu olhar, se no silêncio
que se instala quando a tua boca adivinha a minha. Apenas sei que em ti tudo
corre, tudo flui, tudo me alcança, como um rio que sempre encontra o caminho
para o mar. És a nascente invisível que me surpreende no gesto mais simples: no
modo como deslizas os dedos pelas tuas margens quando a noite se cobre de
sedução. É aí que começa a corrente que me envolve e atravessa com as águas
rugosas de Setembro. E eu, ao receber-te, torno-me num mar imenso, de águas
claras a arder ao vento. Um mar que abre uma enseada para receber o curso
rebelde e infatigável das tuas águas, e se deixa moldar pelo ímpeto da corrente.
Sinto que és nascente e rio, vens de longe, de lugares que desconheço, e no
entanto é em mim que desaguas, é em mim que repousas. Não importa onde começa a
tua água, o que importa é que nela me reconheço, nela me recrio, e nela me
perco para me encontrar. Não és apenas a água que se dissolve em mim e mata a
minha sede, és também a sede que me estimula a vida. És o rumor incessante do
rio que me atravessa, és o segredo eterno da longínqua nascente que não preciso
ver para saber que existe – porque em cada gesto teu, o mundo inteiro começa a
correr ternamente em mim.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Has convertido el agua en un micro de seducción artesanal. Genial, te felicito.
ResponderEliminarUn abrazo.
Albino…
ResponderEliminarque nascente generosa a tua escrita. Ao ler-te, senti-me mergulhar nessa corrente que descreves, onde a água não apenas corre, mas toca fundo, despertando em mim a lembrança de que também sou feita de rios, de marés e de silêncios. Há algo de sagrado no modo como transformas sentimentos em imagens tão vivas quase posso ouvir o rumor da água que te atravessa. E ao mesmo tempo, encontro-me nas tuas palavras, como quem descobre o próprio reflexo numa enseada calma. Obrigada por me oferecer esse fluxo tão cheio de ternura e beleza.
Com carinho,
Fernanda!
Uy que romántico y apasionado. Te mando un beso.
ResponderEliminarCom muito carinho, posso dizer que “A Nascente” é um texto que transborda delicadeza e amor sereno.
ResponderEliminarEle descreve o outro como fonte de vida e sentido, onde tudo flui naturalmente, como um rio que encontra seu mar.
É uma entrega bonita, suave, onde amar é deixar-se atravessar e, ao mesmo tempo, ser acolhido.
Um abraço em forma de palavras.
BEIJOOOS
El agua, tan fundamental para la vida! Un abrazo Albino!
ResponderEliminaralbino, tu prosa es magistral, apasionada, eres un romántico
ResponderEliminarBesos, que tengas días felices
Líquida fascinación que se desliza por nuestros ojos cuando te leemos!
ResponderEliminarPrecioso.
Un beso grande.
Qué fuente tan dulce y frutífera. Me ha encantado Albino!!
ResponderEliminarBesicos muchos.
Cada verso jorra como água viva, revelando que o amor não é apenas uma fonte de paz, mas também uma sede ardente que nos permite renascer infinitamente.
ResponderEliminarMagnífico, querido poeta!
Beijos
Que lindo,amigo poeta! Amei! Obrigada pelas visitas a meu blog. Poucas visitas..Só você e mais uns 3. Desculpe visitar tão pouco, mas meu marido continua muito doente. Volte sempre! Divulgue meu blog! Tem post novo! Beijos sabor carinho e uma noite de quinta_feira maravilhosa! Donetzka
ResponderEliminarOlá caro A.S.
ResponderEliminarMuito belo poema. uma metáfora poética e romântica para descrever a origem do amor ou da atração por uma pessoa. O "eu lírico" personifica o outro como essa fonte de água, que é, na verdade, a origem de toda a vida e emoção sentidas.
Gostei imenso.
Bom final de semana amigo poeta.
Beijo!
Una forma maravillosa de sentir el amor, entrando, fluyendo, transformando y cuya presencia quedará marcada para siempre en nuestro ser interno y externo, cual huella indeleble. Hay personas que pasan y otras que imprimen... Lo has expresado de una manera elevada de grandiosa, amigo, te felicito, un gran abrazo.
ResponderEliminarP A T Y