O amor
é uma planta frágil. Não nasce de repente como as tempestades, nem explode como
os fogos do acaso. Nasce tímido num canto de terra que nem sabíamos ser fértil.
Precisa de sol, mas teme o calor em excesso. Quer água mas afoga-se fácil. É
sensível ao vento das palavras duras, aos silêncios longos como noites de
inverno. Ele germina em silêncio, no escuro do coração, onde a terra é feita de
memórias, desejos e medos. Surge quase invisível, como quem pede licença para existir.
Cresce devagar, folha a folha, gesto a gesto, ao toque leve, ao olhar atento, à
paciência dos dias. Quem ama aprende a jardinar com o coração. Aprende a podar
a incompreensão, a regar com ternura, a protege-lo das pragas, da rotina. E
mesmo assim, às vezes o amor fenece. Não por falta se sentimento, mas por falta
de presença. Porque o amor, tal como as plantas frágeis, não vive só de sementes
lançadas em solo fértil – precisa ser cultivado com carinho, todos os dias, com
ternura nas mãos e a alma entre os dedos.
albino santos
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