Quando
era Verão na tua boca o meu nome era um barco. E eu o navegava, sem âncora nem
porto, perdido e encontrado ao mesmo tempo. O calor do teu hálito era o vento
que me impelia, e cada sílaba que me devolvias com os lábios era uma maré irresistível
que me arrastava. Não havia um horizonte fixo, apenas a vertigem de seguir-te,
de deixar-me levar pelo fluxo secreto que habitava entre a tua boca e a minha
rota imaginada. E quando sorrias, o mundo inteiro incendiava-se de luz. Havia
no teu sorriso aquele gesto de eternidade que só o mar conhece quando beija uma
praia pela primeira vez. O meu corpo sem saber, foi-se ajustando às tuas
correntes, e cada beijo teu era um novo litoral: uma enseada para o repouso, um
rochedo para a vertigem, uma tempestade onde eu queria naufragar. Dentro de ti,
a palavra “eu” deixava de fazer sentido. Tornava-se um pronome dissolvido,
espuma breve no oceano da tua boca. Tu sabias devolver-me esse nome, mas nunca
o dizias da mesma forma: Umas vezes um murmúrio quente, outras, um suspiro
abafado, ou silêncio carregado de desejo. Era nesse jogo, nessa oscilação, que
eu me descobria – não navegante, mas embarcação rendida, corpo entregue ao teu
corpo. E cada beijo era muito mais que beijo. Os lábios tocavam-se e tudo o
resto desaparecia – as ruas, o tempo, até o ar que respiravamos. Ficava apenas o rumor das
ondas, o calor do Verão, a vertigem de estar em ti como quem mergulha sem
voltar à superfície. Quando era Verão na tua boca, eu não era apenas um barco, era
a própria viagem. E tu eras o mar inteiro, vasto e infinito, a chamar-me para
sempre.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Qué romántico y tierno relato. Esa boca como metáfora del mar es muy buena, y por consiguiente todo mar necesita un barco por donde un buen capitán navegue con su barco.
ResponderEliminarUn abrazo, muy feliz final y comienzo de mes.
Qué bonito y sensible..
ResponderEliminarTus textos y tus relatos son un precioso espacio para soñar y dejarse llevar.
Bravo,
Un beso!
Querido Albino,
ResponderEliminarEste texto é uma verdadeira imersão sensorial e poética. Ele transforma o ato do beijo e da presença do outro em metáfora para o mar e a navegação, criando um efeito de vastidão e entrega. A linguagem é intensa, cheia de imagens que evocam movimento, calor e fluidez: o “barco sem âncora nem porto” que se deixa levar pelo “vento” do hálito do outro e pelas “marés irresistíveis” dos lábios. Há uma mistura deliciosa de vulnerabilidade e êxtase, de perda de si mesmo e encontro absoluto no outro.
O que se destaca nele é a maneira como voce faz da experiência física algo quase espiritual: o “eu” se dissolve, o corpo se ajusta às correntes alheias, e o beijo se torna um território completo, com enseadas, rochedos e tempestades. Cada detalhe revela uma atenção minuciosa ao ritmo, à textura e à cadência do desejo. Quem discorrer os olhos nesta linda leitura se sentirá envolvido nesse fluxo, como se também estivesse navegando nessa relação líquida entre entrega e descoberta uau!
No fundo, é uma celebração da intensidade do amor e da paixão, mas feita com delicadeza poética: não é apenas sensualidade; é uma exploração da conexão profunda entre dois corpos e, ao mesmo tempo, entre duas almas. É uma escrita que transforma o físico em metafísico, o efêmero em eterno, o beijo em viagem infinita.
Nossa! Lindamente escrito!
Parabéns poeta👏🏻👏🏻
Com admiração,
Fernanda
Olá caro A.S.
ResponderEliminarUm belíssimo texto.
Com você transformou um beijo magnificamente.
Parabéns amigo poeta.
Suave seja a sua semana.
Beijo!
"Nem barco, nem mapa, só corpo levado pelo calor dos teus lábios."
Hermosísimo Albino! Un abrazo!
ResponderEliminarMi palabra fue "Hermosísimo" señor traductor
EliminarGosto muito desta sua prosa poética.
ResponderEliminarTudo de bom.
Um beijo.
Hermoso poema para soñar y vivir con intensidad.
ResponderEliminarBesos
Bonjour Albino
ResponderEliminarsublime poésie !
septembre ouvre son chemin,
plein d’aube et de joie.
Beau début de semaine à toi,
Amitié ,
Veronique
Ya el título no más, un poema en sí mismo. Te floreas, deslumbra tu mirada y destreza poética, amigo.
ResponderEliminarBellísimo texto lleno de sensibilidad donde las palabras se llenan de poesía... Un abrazo
ResponderEliminarQue forma sublime de descrever a paixão! Ser o barco e a viagem na imensidão do outro... A vertigem e o naufrágio mais desejado. Lindo.
ResponderEliminarQué verano y que barco más sugerente.
ResponderEliminarComo siempre, nos envuelves en tus leras y nos dejamos llevar. Precioso viaje!!
Besicos muchos.
Olá, Albino
ResponderEliminarSeu poema é um mar luminoso onde as palavras navegam sem âncora.
Lendo-o, nos perdemos e nos reencontramos, levados pela ondulação de suas imagens.
Obrigada por esta jornada, onde cada frase é um horizonte infinito.
Com toda a minha admiração
Beijos
Veronique