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domingo, 31 de agosto de 2025

QUANDO ERA VERÃO NA TUA BOCA





 



Quando era Verão na tua boca o meu nome era um barco. E eu o navegava, sem âncora nem porto, perdido e encontrado ao mesmo tempo. O calor do teu hálito era o vento que me impelia, e cada sílaba que me devolvias com os lábios era uma maré irresistível que me arrastava. Não havia um horizonte fixo, apenas a vertigem de seguir-te, de deixar-me levar pelo fluxo secreto que habitava entre a tua boca e a minha rota imaginada. E quando sorrias, o mundo inteiro incendiava-se de luz. Havia no teu sorriso aquele gesto de eternidade que só o mar conhece quando beija uma praia pela primeira vez. O meu corpo sem saber, foi-se ajustando às tuas correntes, e cada beijo teu era um novo litoral: uma enseada para o repouso, um rochedo para a vertigem, uma tempestade onde eu queria naufragar. Dentro de ti, a palavra “eu” deixava de fazer sentido. Tornava-se um pronome dissolvido, espuma breve no oceano da tua boca. Tu sabias devolver-me esse nome, mas nunca o dizias da mesma forma: Umas vezes um murmúrio quente, outras, um suspiro abafado, ou silêncio carregado de desejo. Era nesse jogo, nessa oscilação, que eu me descobria – não navegante, mas embarcação rendida, corpo entregue ao teu corpo. E cada beijo era muito mais que beijo. Os lábios tocavam-se e tudo o resto desaparecia – as ruas, o tempo, até o ar que respiravamos. Ficava apenas o rumor das ondas, o calor do Verão, a vertigem de estar em ti como quem mergulha sem voltar à superfície. Quando era Verão na tua boca, eu não era apenas um barco, era a própria viagem. E tu eras o mar inteiro, vasto e infinito, a chamar-me para sempre.



albino santos
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14 comentários:

  1. Qué romántico y tierno relato. Esa boca como metáfora del mar es muy buena, y por consiguiente todo mar necesita un barco por donde un buen capitán navegue con su barco.
    Un abrazo, muy feliz final y comienzo de mes.

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  2. Qué bonito y sensible..
    Tus textos y tus relatos son un precioso espacio para soñar y dejarse llevar.
    Bravo,
    Un beso!

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  3. Querido Albino,

    Este texto é uma verdadeira imersão sensorial e poética. Ele transforma o ato do beijo e da presença do outro em metáfora para o mar e a navegação, criando um efeito de vastidão e entrega. A linguagem é intensa, cheia de imagens que evocam movimento, calor e fluidez: o “barco sem âncora nem porto” que se deixa levar pelo “vento” do hálito do outro e pelas “marés irresistíveis” dos lábios. Há uma mistura deliciosa de vulnerabilidade e êxtase, de perda de si mesmo e encontro absoluto no outro.
    O que se destaca nele é a maneira como voce faz da experiência física algo quase espiritual: o “eu” se dissolve, o corpo se ajusta às correntes alheias, e o beijo se torna um território completo, com enseadas, rochedos e tempestades. Cada detalhe revela uma atenção minuciosa ao ritmo, à textura e à cadência do desejo. Quem discorrer os olhos nesta linda leitura se sentirá envolvido nesse fluxo, como se também estivesse navegando nessa relação líquida entre entrega e descoberta uau!
    No fundo, é uma celebração da intensidade do amor e da paixão, mas feita com delicadeza poética: não é apenas sensualidade; é uma exploração da conexão profunda entre dois corpos e, ao mesmo tempo, entre duas almas. É uma escrita que transforma o físico em metafísico, o efêmero em eterno, o beijo em viagem infinita.
    Nossa! Lindamente escrito!
    Parabéns poeta👏🏻👏🏻

    Com admiração,
    Fernanda

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  4. Olá caro A.S.
    Um belíssimo texto.
    Com você transformou um beijo magnificamente.
    Parabéns amigo poeta.
    Suave seja a sua semana.
    Beijo!
    "Nem barco, nem mapa, só corpo levado pelo calor dos teus lábios."

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  5. Gosto muito desta sua prosa poética.
    Tudo de bom.
    Um beijo.

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  6. Hermoso poema para soñar y vivir con intensidad.
    Besos

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  7. Bonjour Albino
    sublime poésie !

    septembre ouvre son chemin,
    plein d’aube et de joie.
    Beau début de semaine à toi,
    Amitié ,
    Veronique

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  8. Ya el título no más, un poema en sí mismo. Te floreas, deslumbra tu mirada y destreza poética, amigo.

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  9. Bellísimo texto lleno de sensibilidad donde las palabras se llenan de poesía... Un abrazo

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  10. Que forma sublime de descrever a paixão! Ser o barco e a viagem na imensidão do outro... A vertigem e o naufrágio mais desejado. Lindo.

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  11. Qué verano y que barco más sugerente.
    Como siempre, nos envuelves en tus leras y nos dejamos llevar. Precioso viaje!!
    Besicos muchos.

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  12. Olá, Albino
    Seu poema é um mar luminoso onde as palavras navegam sem âncora.
    Lendo-o, nos perdemos e nos reencontramos, levados pela ondulação de suas imagens.
    Obrigada por esta jornada, onde cada frase é um horizonte infinito.

    Com toda a minha admiração
    Beijos
    Veronique

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