A noite cai como um véu morno, e no
escuro há um pressentimento que me mantém desperto. Não é insónia, é desejo.
Deito-me e chamo-te em silêncio, como quem invoca um feitiço. Quero que um
sonho te traga até mim, sem barreiras, sem roupas, sem hesitação. Por fim, vejo-te
surgir, etérea e ardente, como se a própria noite tivesse criado alguém para me
possuir. És bruma e fogo, sombra e luz. Não caminhas, deslizas até mim,
deixando no ar um perfume que é só teu – mistura de vertigem e desejo. Antes de
me tocar já me inflamas. Teus olhos brilham como estrelas que sabem segredos antigos,
e eu cedo antes mesmo de sentires a minha rendição.
Quando te inclinas sobre mim, os teus
lábios pousam na minha pele como um sopro incandescente. A tua língua é
deliciosamente lenta, e tuas mãos exploram, primeiro leves, depois firmes, descobrindo
penumbras que tremem sob os teus dedos. És sonho, mas moves-te como fosses a
mais doce realidade; és névoa, mas o calor que deixas é real demais. Sinto o
teu corpo nu fundir-se no meu, dançando sem música, só guiado pelo compasso
ofegante da nossa respiração. Os teus quadris encontram os meus num ritmo que
começa suave, quase ritual, depois cresce, incontrolável, como uma maré que nos
arrasta. Cada gemido é um eco dentro de mim e cada suspiro teu acende outro
ainda mais profundo.
Não há palavra no mundo para o que
somos agora. Há suor e luz, há febre e silêncio. Há um sonho possuindo o meu
corpo, e o meu desejo tornando-se mais real do que qualquer amanhecer. Não sei
se é delírio, mas sinto-te plena, e cada instante se prolonga até se perder no
infinito de mim. E quando o climax chega, não é explosão – é dissolução. Somos
um só corpo, um só sonho, um só grito sem voz. E então a madrugada, lenta e
saciada, respira outra vez. Se fores sonho não despertes. Se fores real, nunca
partas. Pois o que esta noite esperei, finalmente chegou – e dançou comigo até
ao fim do tempo.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Grandísimo y amoroso texto,donde brilla tu luz poética.
ResponderEliminarUn beso!
Hay unas palabras que me gustan mucho, "No hay palabras en el mundo para lo que somos ahora", esta frase es muy real, todos alguna vez en nuestra vida amorosa hemos dicho algo parecido , y ojalá haya sido asi , porque ello significa que hemos conocido aunque haya pasado en el tiempo ese amor que para el reloj. Muy bonito .
ResponderEliminarUn abrazo.
Meu amigo Albino, que texto arrebatador!
ResponderEliminarA intensidade poética com que você descreve o desejo transforma o erótico em arte cada frase tem ritmo, respiração e uma beleza que ultrapassa o corpo para tocar o mistério.
A linguagem é refinada, quase hipnótica,
conduzindo a leitura por um caminho de sensações, luzes e sombras.
Há um equilíbrio raro entre o sonho e o real, entre o feitiço e a entrega. É uma escrita madura, de quem sabe que o amor e o desejo também são formas de transcendência. Lindo, envolvente e profundamente sensorial como uma dança entre o humano e o divino.
Abraço!
Fernanda
Excelente relato, elegante y sexual, a la vez que muy poético. Me ha gustado mucho AS.
ResponderEliminarDe nuevo vuelbo después de un largo descanso, ahora estoy en esa fase de adaptación, poco a poco.
Gracias siempre AS.
Un fuerte abrazo.