Por vezes, na vida, não há alquimia, nem saber, nem esperança – apenas um patíbulo. A existência suspende-se na fragilidade de um fio, e o ar tem o peso do mundo. Tudo o que era sombrio torna-se cada dia mais denso, e os gestos, antes cheios de destino, agora vacilam, enquanto crescem dentes à noite solitária. Nessas horas, o coração é apenas uma pedra húmida e fria à beira do abismo, onde o vento vem confessar a sua própria solidão. Não há fórmulas que curem, nem preces que adiem o dever de cumprir-se a negra quietude das violetas. O tempo, esse velho carrasco, percorre o corredor do mundo sem pressa, deixando atrás de si o som lento das amarras invisíveis que acorrentam as palavras, o corpo, o desejo, o amor.
Ainda
assim, há um instante – breve, quase inaudível – em que a sombra se torna memória,
e a dor, claridade. No patíbulo de madeira gasta pelo tempo, nasce uma flor que
ninguém plantou. Talvez seja isso o que resta da alquimia: a certeza de que,
mesmo no limite da ausência, algo insiste em permanecer – uma centelha, um
rumor, um vestígio de eternidade a passear-se entre as ruínas. Porque mesmo
quando nada sobra senão a sombra do tempo, essa sombra ainda respira. E o que
respira, ainda vive.
albino santos
* Reservados Todos os Direitos de Autor
Albino,
ResponderEliminarTeu texto é um mergulho profundo na fragilidade da vida. Cada frase carrega peso e beleza, unindo desespero e esperança numa harmonia intensa. A solidão e a dor tornam-se quase tangíveis, mas ainda assim há uma centelha de eternidade que persiste, delicada e invencível. Lê-lo é sentir o fio tênue entre o abismo e a vida, e reconhecer, na sombra, que algo sempre respira.
Fernanda
Bom domingo de paz, poeta Albino!
ResponderEliminar"Resta da alquimia: a certeza de que, mesmo no limite da ausência, algo insiste em permanecer – uma centelha, um rumor, um vestígio de eternidade a passear-se entre as ruínas. "
Perfeito!
Somos seres de esperança, a águia que renasce em nós não morre jamais.
Tenha um novembro abençoado!
Abraços fraternos
Este texto,tan íntimo y personal, sale del tema que sueles siempre abarcar, pero no es menos importante hablar de la soledad, de la fragilidad de la vida y del ser.
ResponderEliminarExcelente reflexión!
Un beso grande amigo.
Un texto donde esa alquimia que mencionas hace que tus letras sean profundas en cada frase escrita.
ResponderEliminarHay límites que nosotros mismo desconocemos y nos asombramos cuando estamos a punto de alcanzarlos. Un abrazo, feliz mes.
Olá caro A.S.
ResponderEliminarSeu texto meu amigo poeta revela a vulnerabilidade da existência diante do tempo e da dor, descrevendo um cenário de solidão e escuridão quase absoluta. Ainda assim, entre as ruínas, nasce uma frágil esperança, uma flor que simboliza a persistência da vida mesmo no limite do desespero. A escrita transforma o sofrimento em beleza, mostrando que, por mais denso que seja o vazio, algo sempre resiste: "O simples ato de ainda respirar."
Boa noite e suave seja sua semana.
Beijo!
albino, hermoso relato, aun en soledad respiramos al borde del abismo.
ResponderEliminarUna chispa, un murmullo, un vestigio de eternidad que vaga entre las ruinas. Porque incluso cuando solo queda la sombra del tiempo, esa sombra aún respira. Y lo que respira, aún vive.
albino, espero que todo este bien, tus últimos post, los siento triste.
Que pases un hermoso inicio de semana.
Besos albino
Profundo relato lo que respira y queire seguir luchando sigue vivo. Te mando un beso.
ResponderEliminarAmigo, este texto tocou-me profundamente. Esta mistura de escuridao e desolacao fez-me sentir a solidao, o peso do mundo e, ainda assim, aquela chama que persiste, que teima em permanecer acesa. Asi es. Verdadeiramente belo e inspirador.
ResponderEliminarFeliz inicio de semana ●•٠·˙˜”*°•.ପଓ࿚.
Un lenguaje poético que convierte la sombra en memoria, y la memoria en vida.
ResponderEliminarLa alquimia aquí, no transforma metales, sino emociones dando luz de esperanza.
Precioso como siempre leerte Albino.
Un abrazo y que tengas una semana estupenda.
La frase final lo dice todo! Un abrazo Albino!
ResponderEliminarUn relato estremecedor Albino.
ResponderEliminarHay quien ríe por sobre dosis ,y quien ríe por no llorar, y quien llora por hambruna y soledad
Te aplaudo sobrecogida.
Un abrazo y feliz semana
Uma imagem muito sugestiva para um texto excelente sobre a nossa fragilidade e a esperança que sempre nos acompanha. Adorei, meu Amigo Albino.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Impresionante tu texto poético, Albino...! Espero que estés bien y sólo sea un ejercicio creativo. La expresividad y metáforas son escalofriantes, crudas y demoledoras. El sufrimiento a veces es agobiante, duele el aire, el silencio y el tiempo...Todo es un presagio de muerte. Pero siempre hay una luz, una pequeña flor que nace como garantía de vida, es cierto, amigo...Te dejo mi felicitación por la intensidad profunda y dolorosa del texto.
ResponderEliminarMi abrazo entrañable y mi ánimo, por supuesto.
Passando por aqui.. Continuas poetando lindamente..
ResponderEliminarHonda mirada, amigo, admirable prosa que se hace releer y releer...
ResponderEliminarAbrazo admirado!!
Oi amigo
ResponderEliminarSaudade de vir aqui nessa conversa prazerosa e te sentir através da escrita sempre interessante e instigante. Imagem forte ao mesmo tempo serena quando se fala do quanto frágil é nosso cotidiano, há sempre essa centelha que nos toca à frente .E , a certeza que se respiramos temos vida pulsando. Grande abraço de volta aqui , e beijinhos .
Maravilloso tecto Albino, pero dudo que por muchas sombras que haya y se vuelvan densas. al exponerlo en tu texto todo lo que no respira vuelve a tomar aliento vulviendo a la vida, eres fantastico en tus expresiones, los sentimintos se abren paso rimpiendo esa piedra que piensas que está ahí
ResponderEliminarLeerte una vez mas es un regalo querido poeta
Un abrazo
Sim, esse velho carrasco: o tempo, deixando suas marcas, no entanto seguimos!
ResponderEliminarSempre haverá uma fresta de luz , uma chama pra se viver e arder.
Precioso texto!!! Parabéns!!
Beijos!
Estoy impresionada amigo, primero al leer me rebalsó una gran tristeza, de sentir -y recordar- esos momentos extremos en que hasta estar en este mundo pierde sentido, pero luego, embelesarse y dejarse atravesar por esa pequeña luz, esa que nos salva, esa que nos dice en silencio, hay una esperanza, un camino, un empezar desde la ceniza, un sí a la vida. Esta frase me caló hondo: “...el deber de cumplir con la negra quietud de las violetas”, woooow ¡qué expresión tan magistral amigo! Solo me queda agradecer tu inspiración, ya que con textos así tomas manos y afirmas corazones que están al borde del desencanto total. Un gran abrazo para ti. Te admiro profundamente poeta.
ResponderEliminarP A T Y
Así es. Incluso en los peores momentos, cuando todo es oscuridad y desamparo, cuando la vida se vuelve un lugar espantoso, hay una fuerza, una intuición, "algo" que nos aferra y seguimos. Se sale.
ResponderEliminarQué necesario este texto.
Abrazo, Albino.