ENTRE O SONHO E A REALIDADE

 

É noite. A cidade dorme. Não há nuvens, respira-se o silêncio que acolhe os deuses sob o olhar minucioso de Vénus. Sei, apenas, que há uma luz incandescente que emana dos teus olhos, e os aproxima de mim, lindos e doces na sua inquietude, para que possa ver-te de perto e abrir-te as portas do meu peito em brasa. Tudo está em paz. É aqui, intensamente aqui, que o sonho habita e a poesia se liberta na cumplicidade de um beijo que vem de longe e se despedaça no desejo ardente dos meus lábios. Dentro do sonho, damos as mãos e desvendamos o espaço em sublime êxtase, inebriados pelo prazer, onde o tempo não existe e não há limites para a nossa loucura. Pintamos até um arco iris que a noite não apaga e que a utopia do sonho torna ainda mais ardentes as suas cores. Sentimos um mar de sensações que nos envolve, uma volúpia latejante, que levam os meus dedos a vaguear entre os teus seios, quando o teu olhar me acaricia em indecifráveis sussurros e mudos apelos.  E tudo acontece!
Para trás, vão ficar sempre as palavras trocadas, apressadamente, entre suspiros e beijos, levadas pela brisa do entardecer , que a noite desvendará nos contornos deliciosos da tua nudez e no absoluto e interminável rumor do meu desejo.

albino santos
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